Jesus era um cara legal. Sempre
achei isto, desde minha época de coroinha, onde li minimamente o tal
"livro dos livros". Sabia que
alguém que só pregava o amor e transformava água em vinho, não tinha como ser
má pessoa. Ai veio também o episódio com Maria Madalena (nunca fui muito fã de
apedrejamentos) e depois disto eu já podia vestir a camiseta "Jesus me
representa!".
Mas meu único problema é com o
Velho Testamento. O pai de Jesus era um cara meio estourado, se não me falha a
memória, ele aniquilou a humanidade por mais de duas vezes, dilúvios
torrenciais e pragas, muitas pragas. Porque alguém faria algo assim? Seria por
vaidade? Demonstração poder? Ser amado? Porque devemos confessar que hoje, tem
uma boa de uma galera que anda acreditando em seus concorrentes - que são
muitos! - e teve também um pessoal que preferiu não acreditar em ninguém. C’est
la vie.
Não nego que eu clame o nome do
pai quando estou com medo ou em apuros, acho que até quem não acredita grita,
ele é o nosso modelo de todo poderoso. Mas acho que ele botou regra demais!
Não sei qual sociedade ideal ele imaginou, mas estamos vivendo a época de fé
cega com a faca muito amolada e essa faca tá cortando o lado mais fraco. O povo
resolveu ignorar uns mandamentos aqui e outros ali, mas tem outros que não
escapam. Sabe o amor? Que o filho veio e pregou a duras penas? Colocaram regras
pra caramba nele, acredita? Todo mundo virou juiz do amor alheio. Uma loucura!
O ser humano pegou aquele livro
escrito por várias mãos e foi distorcendo, hoje já tem diversas versões, cada
uma para um interesse próprio. Tem o livro que protesta o capitulo X, o que
protesta o capítulo Y, o que protesta estes protestos e a partir daí cada
pastor criou seu próprio rebanho, com suas próprias versões de pecado maior ou
pecado menor e tudo isso pela bagatela de dez por centro da renda. Outra
loucura!
E sabe a igreja que foi algo tão
sagrado nos primórdios? Hoje tem em todo lugar. Tipo franquia, só que cada um
cria seu próprio cardápio. Fast.
Só quero deixar claro que isso
não é uma crítica à religião. Sou muito grato a ela, aprendi coisas
maravilhosas com ela. Acredito que o mundo ainda é mundo, porque uma boa parte
da humanidade teme ao pai. Ninguém quer um dilúvio de novo, né? O temor nos
torna pessoas melhores, sei que é uma medida paliativa, mas não somos pessoas
assim tão "superiores". E acredito também que a religião conforta.
Vejo isso em todo velório, perda de emprego e doença. A crença de que alguém
traça o nosso destino e deseja o melhor pra nós, nos torna mais fortes. E para
mim, qualquer força é válida.
Do mais, ando acreditando nas
forças do universo, faço minha própria misturinha de astrologia, catolicismo,
budismo, messianismo, coloco umas pitadas de ateísmo e tomo como mantra.
Mas não tem força maior neste
mundo do que o amor. É algo tão lindo e forte que pode ligar as pessoas e que
pode, acredite, até mudar as pessoas. "Amai-vos uns ao outros assim como
eu vos tenho amado". Dia vinte e cinco de dezembro deveria ser o dia
internacional do amor. E viva Jesus! Esse sim era um cara legal pra caramba.