A necessidade de escrever
estava impregnada em mim,
como se em algum momento
o mais espetacular da poesia,
fosse tricotada como um cachecol,
que mão habilidosas vão tecendo,
feito água,
feito vento,
feito nada.
E eu parado sem saber o que tecer,
esperava as agulhas,
esperava a lã,
esperava tudo o que me fizesse sair
do calor que está aqui dentro,
para o frio que está lá fora.
Eu não ouço música,
só me preocupo como as coisas vão acontecendo
e eu ficando aqui parado,
tecendo um cachecol para enfrentar o frio de lá de fora,
mas sem coragem de sair.