Abril

Atrasado,
escrevo esse poema pra suprir
a falta de palavras em mim.

Não que falte uma parte,
mas, é que a confusão é tão tremenda
que corta (devagar).

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O sol partiu no meio do frio,
a fresta da porta ficou aberta
e os dedos da minha mão gelando.

E eu continuo batendo tecla-a-tecla,
continuo na busca de sinônimos
pra o que eu só consigo nomear de azul.

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Não que faltem borboletas,
elas realmente não estão presentes
entretanto, eu imagino que estão próximas.

Mas talvez
o mundo
não gire só.

Não gire só em torno
desse aperto no estomago,
que tanto me faz sufocar.

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Estar-sozinho-também-é-caminho.

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Sufoco é tentar entender a cabeça,
daqueles que tem duas cabeças
e nenhuma olhando pra você,
auê!

Sufoco é tentar entender a cabeça,
de mim, que tenho duas cabeças,
e nenhuma apontando a direção,
cuzão!

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O-homem-bateu-na-porta.
A-porta-estava-trancada.
O-homem-voltou-pro-carro.
A-porta-se-destrancou.
O-homem-olhou-de-longe.
A-porta-também-olhou.
O-homem-partiu-sem-medo.
A-porta-é-quem-ficou.

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Que o frio de maio traga de volta
o que me falta a pelo menos três anos.