Atrasado,
escrevo esse poema pra suprir
a falta de palavras em mim.
Não que falte uma parte,
mas, é que a confusão é tão tremenda
que corta (devagar).
_____
O sol partiu no meio do frio,
a fresta da porta ficou aberta
e os dedos da minha mão gelando.
E eu continuo batendo tecla-a-tecla,
continuo na busca de sinônimos
pra o que eu só consigo nomear de azul.
_____
Não que faltem borboletas,
elas realmente não estão presentes
entretanto, eu imagino que estão próximas.
Mas talvez
o mundo
não gire só.
Não gire só em torno
desse aperto no estomago,
que tanto me faz sufocar.
_____
Estar-sozinho-também-é-caminho.
_____
Sufoco é tentar entender a cabeça,
daqueles que tem duas cabeças
e nenhuma olhando pra você,
auê!
Sufoco é tentar entender a cabeça,
de mim, que tenho duas cabeças,
e nenhuma apontando a direção,
cuzão!
_____
O-homem-bateu-na-porta.
A-porta-estava-trancada.
O-homem-voltou-pro-carro.
A-porta-se-destrancou.
O-homem-olhou-de-longe.
A-porta-também-olhou.
O-homem-partiu-sem-medo.
A-porta-é-quem-ficou.
_____
Que o frio de maio traga de volta
o que me falta a pelo menos três anos.